
Após alguns meses sem River, cheguei ao ápice da minha auto-estima em agosto de 2006.
Dançando a noite toda sem olhar e me interessar por ninguém, eis que vejo um grupo de 3 pessoas tirando fotos de si mesmos.
Já com a cabeça rodando de tanto dançar e beber, me enfio entre eles para compartilhar aquele momento.
Eles se surpreendem com minha presença, mas não acham ruim e até riem. No mesmo instante eu pego meu celular e peço para a garota gordinha da foto me passar o e-mail e o telefone dela para eu poder cobrar a foto depois.
Entre a gordinha a quem pedi o e-mail e o garoto espinhudo da foto, existe uma loira de olhos azuis nos observando.
A gordinha me pede um cigarro e eu entrego um a ela. Ela, a gordinha, pede que eu acenda. Eu acho estranho, mas acendo e repasso. A gordinha começa a passar insistentemente o cigarro para a loira dizendo: "toma, pega, toma"
A loira faz sinal de que não quer o cigarro e se aproxima de mim.
Algumas das primeiras frases que tivemos foi algo como ela me perguntando: "você está com namorado, namorada...?" e eu respondendo:"ihhhh que nada, sou solteira, livre, leve e solta"
Ela continua puxando assunto e eu resolvo olhar melhor pra ela.
Foi quando percebi que ela estava me dando mole que disse: "vamos nos conhecer melhor?"
Ficamos em um canto da balada só beijando.
Fico cansada de beijar e levo ela pro mesanino para conversarmos. Começo a achar ela mais bonita e interessante.
Meu celular desperta às 4h30. É hora de avisar minha amiga aniversariante que ela precisa tomar o anticoncepcional dela.
Taste não me deixa ir.
Guim e Bitten vão ao meu encontro, mas Taste não me larga e não me deixa ir embora. Eu anoto seu telefone e me junto aos meus amigos na volta pra casa.
No dia seguinte acordo com uma sensação de: "eu conheci alguém bem legal ontem"
Ligo para Taste e marco um encontro em um bar onde eu sempre levava as garotas com quem ficava.
Lá percebo em Taste a capricorniana inexperiente que eu esperava que ela fosse.
A partir dos encontros seguintes e da química que rolava entre nós, resolvemos namorar.
Passado alguns meses percebo Taste diferente, distante, confusa...
Em uma noite pós vestibular vou ao encontro de Taste e seus amigos para irmos a mesma balada que a conheci.
No meio da noite, já tendo consumido quase toda a minha comanda, começo a passar mal.
Jogo o resto da minha garrafa de água na cabeça de Alexandre Frota que dança em cima de um palco e entro clandestinamente na área VIP onde ficavam os sofás.
Taste fica me olhando do lado de fora com um ar de preocupação.
Apago para esperar a tonteira passar. Quando abro os olhos, me levanto e percorro o espaço a procura de Taste. Nada.
Encontro Blond aos beijos no meio do caminho e pergunto por ela. Ele me aponta a direção de onde vim dizendo que eu procure por lá. Eu digo que ali ela não está e que vou procurá-la na pista de cima.
Vou passando entre as pessoas tentando abrir espaço à procura de Taste.
Finalmente a encontro. Mas ela não está sozinha, uma garota beija seu pescoço.
Fico em um estado que jamais havia conhecido. Parece que as pessoas não se espremem mais para dançar. Só existem elas duas. Um casal de homens que não havia percebido à minha esquerda pergunta:"você gosta de ver duas mulheres se beijando né?" e eu respondo:"cala a boca, é a minha namorada que está ali"
Como se me ouvisse, no mesmo instante Taste abre os olhos, me vê e quase que instintivamente empurra a garota para longe dela.
Era disso que eu precisava. Que ela visse que eu vi.
Me viro para ir embora sem dizer nada. Ela tenta me puxar, me segurar pelos braços, me prender entre o balcão impedindo minha passagem e implora para que eu a deixe explicar.
Eu vou embora mesmo assim.
Na saída, quando vou pegar o carro para ir pra casa, reencontro uma amiga de River.
Ela me vê quase chorar e me diz coisas bacanas para levantar meu astral.
Vou pra casa pensando. No rádio passa uma música melosa. Vendo que quase me entregava ao choro que queria vir, troco de estação para ouvir um classic rock e deixar a tristeza pra lá.
Tendo mantido amizade com os amigos dela, fiquei sabendo mais pra frente de outros galhos que levei.
Foi um grande aprendizado. Melhor dizendo, o MELHOR aprendizado que já pude ter com uma namorada.
Para me apaixonar preciso de tempo, de conquista, de momentos e de provas de confiança sem premedição.
Taste me ensinou muito. Talvez nem ela saiba o quanto.