
Quando terminei com Miq não via a hora de me apaixonar por alguém de novo.
Sabia que não seria fácil, mas sabia que não seria impossível.
Muitos meses depois do meu término com Miq, entro um dia no meu orkut e vejo um depoimento: "Olá, eu sou amiga da Greck e queria te conhecer. Te achei muito bonita..." blá blá blá.
(Greck foi a amiga de River que me consolou na porta da balada quando fui chifrada) Sim, o mundo gay é muito pequeno.
Quando li o depoimento de Lion não dei atenção.
Na época eu ficava com uma garota muito bacana e não queria ficar dando bola à toa assim para qualquer uma.
Essa garota muito bacana parou de me procurar de repente e foi então que aceitei conhecer Lion.
Conversamos primeiramente por e-mail, depois por MSN e depois telefone.
Marcamos um encontro depois de 2 semanas de contato.
Como sempre, no encontro, eu falei durante a noite toda. Nesse encontro descobri que Lion tinha uma filha. Logo imaginei que pudesse ser complicado ter qualquer coisa com ela.
Na mesma noite eu esperava meus amigos chegarem: Tur, Blond, Dior e Grela.
Assim que eles chegaram Lion precisou ir embora, pois sua filha estava na casa do irmão com 39 graus de febre. A levei até um ponto próximo e demos um beijo inesperado.
Nem eu e nem ela esperávamos por aquilo.
Que erro.
Nos dias seguintes, passei todos os dias vendo apartamentos com meus pais e não entrava em contato com ela nem por telefone e nem por e-mail.
Ela me enviou algumas mensagens pedindo para que eu a visse de novo e conversasse para tirar a má impressão.
Eu não queria mesmo. Não senti click, não foi legal e ainda tinha o problema da filha dela.
Enfim, não estava afim, não estava preparada.
Ela continuou insistindo tanto, mas tanto que resolvi sair com ela mais uma vez.
Fui encontrá-la em um bar.
Lion, de pele bem clara, cabelos castanhos e leonina com todas as letras, estava mais bonita, muito mais atraente, mais feliz e menos introspectiva.
Ela me contou mais sobre ela, sobre a vida dela.
Cheguei a pensar: "é, talvez o primeiro dia eu não estivesse em um dia bom pra conhecer alguém"
Comecei a liberar espaço para ela entrar na minha vida.
Tudo dependeria dela.
Não namoramos, ela pediu diversas vezes, mas como eu sempre dizia, não estava preparada. Porém, eu sempre a tratei como tal. Não fiquei com outras garotas e não dei chances para que acontecesse nada que fizesse com que eu me envolvesse com outro alguém.
No dia em que dormi na casa dela pela primeira vez, desejei que sua filha não estivesse lá:
"Tomara que eu não tenha que ser babá de nenhuma criança"
No aniversário de Lion, em agosto, a levo para jantar.
Mais tarde Greck e a namorada chegam trazendo a filhinha de Lion, Aninha.
Me apaixonei no primeiro instante. Queria apertar, morder, ficar abraçada.
Fui pra casa pensando: "Que estranha essa sensação. Eu nunca gostei de criança...."
Bom, não sei qual a explicação para isso mas sei que Lion marcou minha vida por ter me mostrado o outro lado da moeda.
Descobri que faria de tudo para proteger aquela criança.
Descobri que não achava ruim de ter que levantar no meio da madrugada pra ficar com ela
Descobri que sei amar, mas que sei dar broncas também.
Descobri que me importava com a pessoa que ela pudesse se tornar quando crescesse.
Descobri que se fosse mãe um dia eu seria uma boa mãe...
Passei a querer ver Lion só quando ela estivesse acompanhada com Aninha.
Passava a semana pensando no que faria para e com Aninha no fim de semana.
Não queria mais ver Lion pegar ônibus e metrô para passear com Aninha e passei a atravessar a cidade para poder tirá-las desse desconforto.
Eu gostava de ver Aninha dormir. Eu gostava de ver Aninha se lambuzar com a margarina e fazer aquela bagunça pra comer.
Eu gostava de vê-la com outras crianças. Eu gostava de imaginar o que ela poderia ser quando crescesse.
Acordei diversas vezes durante a noite para saber se estava tudo bem, se ela estava coberta, se estava em uma posição confortável, se estava dormindo mesmo.
Foi uma experiência fora do comum. Pelo menos pra mim, que achava que amaria apenas os cachorros para o resto da minha vida e que seria incapaz de ser mãe algum dia.
Lion entrou em minha vida e mudou todo um contexto que eu tinha sobre esse mundo:
Ser mãe!
Eu fui mãe, em pouco tempo mas fui.
Precisei cortar laços com Lion quando me percebi sem interesse nela e interesse demais em Aninha.
Percebi que quanto mais prolongasse a relação, mais apegada eu ficaria.
Terminei meu "namoro" com Lion num domingo enquanto as levava para casa.
Voltei pensando, imaginando o quanto seria ruim ficar sem minha filha postiça.
Quando caí na real, sentei em minha cama, mergulhei meu rosto entre minhas mãos e chorei.
Lion tentou chantagear a presença de Aninha para poder me ver algumas vezes afinal, toda a minha família queria Aninha por perto.
O tempo passou e eu as vi pela última vez no aniversário de Aninha, em outubro.
Aninha quase não me reconheceu.
Lion me mandou algumas mensagens dizendo que Aninha perguntava por mim, mas já não sei mais se é verdade ou se é um jogo de Lion.
Hoje olho mais para as crianças e os filhos dos outros.
Hoje lembro de Aninha com muita saudade.
Não sei se geraria um filha, mas eu sei que seria uma ótima segunda mãe para qualquer criança.
Lion namora atualmente e provavelmente agora Aninha esteja acostumada a sua nova segunda mãe e nem se lembre mais de mim.
Sorte de quem poderá amar Lion e Aninha ao mesmo tempo.
Quisera eu ter tido essa sorte...
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