
Conversando com uma amiga em uma mesa de bar sobre ser homossexual e viver a vida homossexual, discutimos diversos assuntos do mundo gay.
Será que as mulheres que se vestem como homem, gostariam de se parecer com um homem?
Por que algumas mulheres são tão femininas e gostam de outras mulheres?
Por que alguns homens tem tantos trejeitos e você nunca saberá de uma história dele que o denuncie como gay?
Sei que desde pequena eu gosto de meninas, garotas e posteriormente, conforme fui crescendo e entendendo, mulheres.
Sim, mulheres. Seios, coxas e bocas, pescoços, ombros e braços delicados, emotivas e às vezes duronas.
Era e é desse conjunto que eu gosto, só desse.
A minha lembrança mais antiga e a que mais me marca como gay, é a da minha primeira paixão.
No pré-primário, com 5 ou 6 anos de idade, fui apaixonada por uma garota de cabelos loiros e pele clara que estudava comigo.
Não sabia como agir, afinal, eu desconhecia gestos e atitudes que pudessem me facilitar alguma coisa nesse sentido, mas instinto....ah esse eu sempre tive.
Só nos víamos na escola portanto, não ficamos e não sofri quando nos separamos. Eu era apenas uma criança.
No primário mudei de colégio e conheci Louis, uma garota de cabelos castanhos e olhos bem verdes. Eu queria ela pra mim, não sabia exatamente de que jeito, mas sabia que a queria muito além do que como uma simples amiga.
Quando completei 9 anos, meu irmão gêmeo, Guimen, conseguiu o que eu sempre quis em segredo, namorá-la.
Eu olhava tudo aquilo acontecer e imaginava o quanto deveria ser bom estar no lugar dele.
Ele podia pegar na mão dela como um namorado, agir como namorado e todos saberiam que ele era O namoradO.
Mesmo com apenas 9 anos, ele podia!
Aos 10 anos percebi que seria muito difícil namorar alguém do mesmo sexo. Para todos os lados que eu olhava, eu via apenas casais héteros: mulheres com homens e homens com mulheres!
E eu nem sabia o que significava a palavra"heterossexual"!!!
O que existia na minha cabeça não existia no mundo lá fora e o que existia dentro de mim eu não podia explicar.
Eu nunca via duas mulheres juntas, duas mulheres de beijando e etc, mas não imaginava que não pudesse existir essa possibilidade. Até que na pré-adolescência, comecei a entender que eu é que era diferente e não as pessoas.
Entendi que existiam preconceitos raciais e homossexuais e entendi que apesar de nunca ter sofrido qualquer preconceito, não demoraria a sofrer se não me policiasse e agisse como todos agiam.
Aos 13 anos, me peguei muitas vezes abraçada ao travesseiro, tentando afastar pensamentos homossexuais da cabeça.
Nessa época era apaixonada por Mamprim, uma garota da sala de Guim.
Nos víamos apenas no colégio e então os fins de semana passaram a ser uma tortura para mim naquela época.
Imaginei que deveria acabar logo com aquilo e que precisaria encontrar o homem da minha vida, mesmo com 13 anos de idade, eu só queria que aquilo acontecesse logo e que todos os pensamentos fossem embora.
Meu pai sempre foi um herói para mim (e com certeza para meus irmãos também) então imaginei que se minha mãe o tinha encontrado, eu encontraria alguém como ele também, que pudesse me fazer feliz e me respeitar, assim como meu pai sempre fez e faz com minha mãe.
Encontro Marg, alguém com as características fascinantes de papai, mas alguém por quem eu sentia um pouco de atração e a quem eu beijava na boca e me forçava a gostar.
Fiquei 2 anos com ele. Pobre coitado. Nunca liberei nada, nem amassos e nem passadas de mão.
Me apaixonei por uma garota e terminei em um instante o namoro.
Os pensamentos homossexuais voltaram a habitar meus pensamentos.
Dessa vez eu pensei que na verdade não deveria encontrar alguém como meu pai e sim alguém como eu.
Passaram-se dois anos e encontro Gio. A minha personalidade só que em um corpo masculino.
Pensei que iria me apaixonar. Tentei me entregar e assim fiz. Entreguei corpo, cabeça, mas a alma não. Minha alma eu não conseguia entregar.
Quando conheci Be, percebi que não existia nada no mundo que me fizesse deixar de gostar de todas as coisas que eu gosto em uma mulher.
Be lutou comigo e me fez ver naquele mundo errado, uma maneira melhor de viver aquilo que sentíamos. Aquilo que era diferente aos olhos dos outros, mas que para nós era o que nos fazia feliz.
Be me ensinou a viver no silêncio, mas com todo o coração.
E assim continuo vivendo, para alguns, no silêncio.
Dizendo ter um envolvimento aqui e outro ali com algum rapaz. Só para disfarçar, só para não assustar, só para não estragar a vida das outras pessoas.
Muitas vezes meus amigos homens e gays precisam fingir serem meus namorados e muitas vezes finjo ser a namorada deles também. Tudo para o bem do próximo, daquele que não se preocupa com a gente, daquele com quem temos que nos preocupar.
Mas vai chegar o dia em que vou poder gritar para o mundo que sou gay, lésbica, homossexual, sapatão ou o que for mais agradável e menos invasivo ao seu mundinho e vou poder te provar que sou muito feliz assim, sendo o que sou, com a minha "opção" que para você é a mais errada, mas que para mim é a que me faz mais feliz. Mais feliz do que você, do que ele e do que ela...
Um comentário:
Lindooo!! De admirar!!!! Sou sua fã!
Beijos!
Postar um comentário